Em nosso dia a dia vivemos cercados de pessoas e lugares especiais, que só nos damos conta de sua real importância quando deixamos de tê-los por perto. Não precisa ser uma obra suntuosa para que nos apeguemos a ela, basta ser um simples ponto onde nos acostumamos a fazer uma parada e uma frequência diária.

O início do mês de agosto tivemos em nossa cidade de Araucária, a marca destas ausências, e, embora seja difícil selecionar uma, deixamos que a perda de Dona Aracy Tanaka, proprietária da Banca da Aracy, local de venda de Jornais e Revistas situada na Praça Dr. Vicente Machado ao lado do Santuário Nossa Senhora dos Remédios, fale em nome de tantas saudades que temos em tão pouco tempo deste mês que se inicia.

Dona Aracy, veio para Araucária nos anos 70, a cidade ainda respirava os últimos anos de calma, tranquilidade, poucos habitantes e ar livre de poluição. As indústrias começavam a se instalar em nossa cidade, na praça central ainda havia um parquinho infantil, e junto a parede da igreja uma Banca de jornais e revistas de propriedade do saudoso Onivaldo Fulmen que vendeu para a recém chegada japonesinha e assim Dona Aracy logo passou a ser chamada de “Japa da Banca”.

Terezinha Poly: A Japa da Banca, nossa eterna Aracy
Foto: Divulgação

O parquinho infantil foi desmontado nos anos 80 e a Banca passou para junto da calçada, como vemos na foto onde lá está Aracy e sua filha, arrumando-se para mais um dia de trabalho, e para ela começava cedo. Ainda na madrugada seguia para Curitiba, apanhar os exemplares de revistas e alguns jornais e antes das 8:00 horas os ônibus deixavam em sua porta os demais jornais, e lá estava ela dispondo em sua banca as revistas, jornais, doces, cigarros e atendendo todos seus fregueses. Quantas vezes levávamos uma bronca por folhar as revistas ou ler jornais, mas sempre ela estava certa e nunca se zangou de verdade.

Dona Aracy se tornou um símbolo da Praça Dr. Vicente Machado. Ela era um complemento da praça, todos a conheciam e ela era conhecida por todos, e nós nos acostumamos a ter aquela banca simples na praça, de paredes simples e de telhado simples, mas, houve mudanças e a Banca passou a ser uma construção em acrílico, mas continuou com a mesma simpatia e atenção em seu interior, pois lá estava a Japa da Banca para nos atender junto com seus filhos.

Há mais de cinquenta anos que Aracy Tanaka faz parte do dia a dia de nossa cidade. Nos acostumamos a ver, conversar, cumprimentar, comprar ou simplesmente passar por ali e ver todos os dias aquela senhora que embora já de cabelos grisalhos ainda tinha uma agilidade e disposição de fazer inveja à muitos jovens, infelizmente sua saúde foi comprometida e ela foi obrigada a se afastar do trabalho, iniciou o tratamento, mas no dia 03 de agosto não resistiu vindo a falecer. E como dissemos na inicial, só depois que perdemos é que notamos o quanto essa pessoa teve importância, mas, mesmo reconhecendo nos acostumamos a vê-la todos os dias que achávamos que ela não nos deixaria, mas a vida nos determina outros caminhos, e hoje a Banca da Aracy continua sendo comandada por suas filhas que desde tenra idade aprenderam a dar valor ao trabalho bem feito como sua mãe as ensinou.

Dona Aracy Tanaka a nossa Japa da Banca agora é uma lenda, uma lenda que conhecemos de perto, que aprendemos a admirar e respeitar, e pedimos a Deus que sua alma seja recebida em festa em sua paz eterna. Adeus Aracy nossa gratidão por tantos anos de sua dedicação e amizade.

Edição n.º 1477.