Um episódio de agressão contra uma aluna adolescente ocorrido no Colégio Estadual Profª Helena Wysocki, no bairro Costeira, circula nas redes sociais e vem causando revolta. Na sexta-feira (19/09), na saída da escola, a menor M.C.C., de 12 anos, foi agredida por três meninas, com cotoveladas, tapas no rosto e puxões de cabelo, enquanto testemunhas observavam sem intervir. A jovem agredida não reagiu a violência.

Segundo a mãe da jovem agredida, a filha nasceu prematura e quando bebê apresentava crises convulsivas, e que após as agressões sofridas na escola, voltou a ter convulsões, sendo a primeira ainda na sexta-feira de noite. “A segunda convulsão dela foi no domingo, então a levamos para o Hospital Pequeno Príncipe, em Curitiba, onde ela foi internada para realizar vários exames e permanece até este momento”, relatou a mãe.

Ela ainda declarou que as alegações dadas pelas agressoras, de que a filha teria feito provocações a elas no terminal de ônibus, não correspondem à realidade dos fatos. “Minha filha não frequenta o terminal em hipótese alguma, eu e meu marido sempre a levamos e buscamos na escola. Naquele dia, o pai dela estava esperando na esquina, foi quando ela chegou chorando muito e contou o que havia ocorrido.

Fomos até a escola, mas já estava na troca de turno com funcionários do período noturno”, afirma.
A família de M.C.C. está inconformada com o que aconteceu e vem tomando algumas providências: registrou boletim de ocorrência na Delegacia da Mulher, fez denúncia no fone 181, e vai acionar o Ministério Público. “Minha neta foi covardemente agredida sem motivo, isso é um absurdo! No dia das agressões acionamos a Guarda Municipal que nos orientou a registrar o B.O. e depois entrar em contato com o Conselho Tutelar. A direção do colégio registrou o caso em ata e disse que tomaria as providências necessárias, mas queremos medidas firmes e dos órgãos responsáveis, para que sirva de exemplo caso ocorram situações semelhantes no futuro. As agressoras não podem sair impunes”, lamentou a avó.

Segundo informou a Secretaria de Estado da Educação (Seed-PR), por meio de nota, a inserção de um clipe de papel em uma tomada gerou desentendimento entre alunas do Colégio Estadual Professora Helena Wysocki na quinta-feira (18). Dentro da sala de aula a situação foi controlada pela equipe pedagógica.

“No dia seguinte, a direção da instituição foi informada pela mãe de uma das estudantes envolvidas que uma briga, pelo mesmo motivo, se deu fora dos portões da instituição de ensino. A direção orientou a responsável a realizar boletim de ocorrência na delegacia mais próxima. Conforme o boletim, a adolescente tem histórico prévio de convulsões”, diz a nota.

Ainda conforme a nota emitida pela Seed, foram adotadas todas as providências cabíveis diante do ocorrido, tanto em nível pedagógico como civil. “A secretaria lamenta a situação e esclarece que acompanha o caso, prestando todo o apoio necessário à família”.

A Delegacia da Mulher e do Adolescente de Araucária orienta que em casos de agressão como o que ocorreu no Colégio Helena Wysocki a família deve, com a maior celeridade possível, registrar a ocorrência na delegacia, para que a apuração dos fatos ocorra o quanto antes. “Apesar de os fatos terem acontecido na sexta-feira (19/09), a delegacia só foi cientificada na terça-feira (23/09), com o registro do boletim de ocorrência. Agora a investigação está em andamento e as partes citadas serão ouvidas pela polícia. Caso sejam confirmados os fatos, os envolvidos com 12 anos ou mais poderão responder por ato infracional análogo à lesão corporal”, explicou a DMA.

A especializada destacou ainda que os pais dos agressores podem ser responsabilizados civilmente pelos danos causados por seus filhos menores, ainda que não tenham culpa no ato. Quanto às escolas, o papel delas é essencial na prevenção de agressões físicas em ambientes educacionais. “Deve-se buscar a promoção de um ambiente seguro e respeitoso, educando para o convívio pacífico e o respeito à diversidade. Também é importante supervisionar os momentos vulneráveis, criar canais de denúncia e monitorar constantemente o clima escolar para garantir o desenvolvimento integral e saudável de todos”, citou.

A DMA frisou também que atualmente é necessário trabalhar as habilidades socioemocionais dos alunos e oferecer suporte psicológico e social a eles. “Importante salientar que o trabalho das escolas não substitui o papel da educação familiar, mas a complementa. Cabe aos pais e responsáveis, educarem os filhos para respeitarem o próximo, ensinarem as crianças a resolverem conflitos de forma não violenta e acompanharem o comportamento deles, conversando regularmente sobre a escola e suas amizades. Os pais também precisam estar atentos a sinais de agressão, manter diálogo aberto com a escola e colaborar com a equipe escolar sempre que houver algum problema. A Delegacia da Mulher e do Adolescente de Araucária, além de investigar as infrações cometidas por menores, exerce também um papel preventivo junto às escolas de Araucária, realizando continuamente ações educativas em ambientes escolares. Ao longo dos últimos dois anos, mais de 3.500 crianças e adolescentes foram impactados pelas palestras da delegacia”.

O Conselho Tutelar de Araucária também se manifestou a respeito do ocorrido e ressaltou a importância de as famílias acompanharem a rotina de seus filhos, de orientá-los e estabelecerem limites de convivência.

“A escola deve ser um espaço de aprendizado e respeito, jamais de agressão. Aos adolescentes, fica o alerta, atos de violência têm consequências sérias, não apenas para a saúde e o bem estar da vítima, mas também legais, pois podem resultar em medidas socioeducativas, conforme prevê o Estatuto da Criança e do Adolescente. Cada atitude tem impacto na vida de todos os envolvidos. É um trabalho contínuo intersetorial com família, escola e sociedade para promover o diálogo, o respeito e a empatia, dessa forma podemos ter um ambiente seguro dentro e fora da escola”, ponderou o Conselho.

Edição n.º 1484.