Após 40 anos de serviços dedicados à Polícia Civil do Paraná, sendo dois anos e três meses como titular da Delegacia de Araucária, o delegado Erineu Portes se aposentou e vai deixar Araucária. Portes chegou na cidade em julho de 2023, com a difícil missão de “oxigenar” a delegacia, uma vez que, segundo ele, a equipe anterior não estava correspondendo às expectativas. “Foi um desafio que tive que assumir logo de cara, precisamos trocar cerca de 90% das pessoas, e muitas vieram transferidas de outras cidades. Chegamos aqui e iniciamos investigações do zero, mas felizmente o pessoal que ficou, e os que vieram, hoje estão dando uma resposta”, declara.

No tempo em que chefiou a DP local, Portes teve a chance de avaliar o índice de criminalidade no município, o qual considera baixo. “Em outras delegacias da região metropolitana, como Piraquara, Pinhais, São José, foram criados departamentos exclusivos para investigações de homicídios, ao contrário de Araucária, por não haver esta necessidade. “A maioria dos homicídios está relacionada ao tráfico de drogas. Também temos muitas ocorrências de estelionato, brigas entre vizinhos e desovas, ou seja, os crimes são cometidos em outros municípios e os corpos são abandonados em Araucária. Sobre os crimes contra o patrimônio, crimes contra a vida, o índice aqui é bastante inferior ao de outras cidades”, ilustra.

A CARREIRA

Nas quatro décadas de atuação na Polícia Civil do Paraná, o delegado Erineu Portes traz em sua bagagem profissional experiências adquiridas nas várias cidades do Paraná pelas quais passou, como Coronel Vivida, Palmas, Campo Largo, São José dos Pinhais, Colombo, Icaraí, Curitiba, Icaraíma, Palmeira, Campo Largo, Tatuquara (Curitiba), Cerro Azul, Rio Branco do Sul e Araucária. Ele relata que até o ano 2000, a ingerência política atrapalhava o serviço da polícia. Em uma das delegacias pelas quais passou, conta que o prefeito chegou até ele e disse: “Eu sou policial e você não é bem-vindo na cidade, porque nós não pedimos para você vir para cá. E ele respondeu: Vim para cá porque fui designado para prestar serviço na cidade e eu vou ficar até que o meu superior faça uma portaria me exonerando daqui desse cargo”. E Portes permaneceu na cidade.

Natural da Lapa, Portes diz que não se arrepende de ter permanecido por todos esses anos na PCPR. “Sempre levei a minha profissão como um sacerdote. Gosto do que eu faço. A minha maior satisfação é quando consigo resolver algo para ajudar uma pessoa e ela me agradece. Isso não tem dinheiro que pague. Sempre pautei minhas investigações na honestidade. Quando cheguei aqui coloquei na porta da minha sala uma frase bíblica ‘quem é justo faz justiça’, e foi com base nisso que atuei”, afirma o delegado.

O DESCANSO

Com a chegada da aposentadoria, o delegado Erineu Portes afirma que o primeiro passo será a adaptação a uma vida diferente. Ele também planeja prestar assistência jurídica para as pessoas da igreja que frequenta em Curitiba. “Também quero viajar, fazer academia, correr, continuar fazendo aquilo que gosto. Vou cuidar da minha esposa, a dona Liliana, que esteve sempre comigo durante todos esses anos”, comenta.

Prestes a deixar a DP local, Portes deixa um agradecimento à comunidade de Araucária, que o acolheu tão bem. “Deixo ainda um conselho importante: Confiem na polícia! A polícia não é desonesta, só faz aquilo que a lei determina!”. Agradeceu também à imprensa da cidade, que sempre foi receptiva com ele e às gestões municipais, que atenderam muitos dos pleitos da Delegacia.

Para o seu delegado substituto, que só será conhecido no início do próximo ano, ele aconselha: “Espero que continue o meu legado. Até o final do ano a DP será comandada pelo Dr. Felipe Martins, meu adjunto, e ele seguirá a minha linha de trabalho, é uma pessoa que também vai dar muitos resultados positivos aqui na cidade. Ele é responsável, segue a premissa do sacerdócio e é isso que nós precisamos.

Enfim, sentirei saudades de tudo que deixo aqui, na cidade que mais gostei de atuar. E não descarto a possibilidade de me estabelecer comercialmente aqui”, finaliza.

Edição n.º 1487.