Desde que a Prefeitura anunciou que não vai renovar o contrato com a empresa que gerencia as vagas de estacionamento rotativo em Araucária o que mais se ouviu por aí foram manifestações de concordância à decisão. No entanto, ao contrário do que diz o ditado popular, nem sempre a voz de povo é a voz de Deus.
Digo isto porque, particularmente, não vejo com bons olhos a descontinuidade do EstaR em nossa cidade. E entendo assim por conta de uma conta simples: há bem menos vagas nas ruas centrais da cidade do que carros em circulação no mesmo raio. Logo, em não havendo vagas para todos, a maneira mais isonômica de distribuir o direito de estacionar é a rotatividade desses espaços.
Obviamente, a defesa do sistema de rotatividade das vagas não é uma defesa do modelo existente atualmente em Araucária. O contrato atual com a empresa que explora o serviço precisava mesmo ser revisto, pois desde o seu início ele parece ter sido pensado para penalizar o motorista disposto a não ser multado por estacionamento irregular.
A opção por um sistema exclusivamente online de venda de créditos do EstaR sempre foi um erro, pois criou uma série de dificuldades aos motoristas, que ora precisavam sair correndo atrás de uma ararinha para adquirir trinta minutinhos de estacionamento, ora precisavam rezar para que a internet 3G do celular não desse pau bem quando os créditos precisassem ser habilitados ou, pior, ora tinham que torcer para que as benditas monitoras não passassem justamente no momento em que você estava na fila do comércio para habilitar o EstaR ou tentando convencer o comerciante a “só desta vez” deixar você comprar trinta minutinhos de créditos e pagar com cinquenta reais.
E há que se dizer que estes problemas não eram pontuais. Não era uma ou duas pessoas que relatavam tais dificuldades. A grande maioria dos motoristas sempre fizeram tais queixas e por anos pediram uma solução para o problema. Solução esta, diga-se de passagem, simples: a implantação do sistema misto de cobrança de EstaR, o qual possibilitaria aos usuários a aquisição dos créditos de maneira online ou por meio do velho, testado e aprovado bloco de horas, como acontece em Curitiba.
Araucária, no entanto, com sua velha mania de tentar reinventar a rua, jamais teve a humildade de reconhecer que era preciso facilitar a vida do motorista e foi velando o corpo do EstaR. Por mais de cinco anos os gestores desta cidade viram o sistema de rotatividade de vagas apodrecendo, recebendo críticas e mais críticas e, mesmo assim, continuaram ali, olhando para ele, sem jamais mostrarem disposição em revê-lo, torná-lo mais palatável. Resultado dessa incompetência: hoje a decisão de acabar com o sistema de rotatividade de vagas está sendo aplaudida pela grande imensa maioria dos motoristas.
Esses aplausos, no entanto, não devem durar muito, pois – como já dito – não há vaga para todos nas ruas centrais de Araucária e, infelizmente, a tendência é que os espaços existentes acabem sendo ocupados na maior parte do dia pelos funcionários de empresas desta região, impossibilitando que clientes das lojas e estabelecimentos centrais consigam estacionar para realizar compras e coisas do gênero. Com isso, as críticas pelo fim do EstaR serão substituídas pelas das dificuldades de se encontrar uma vaga nas ruas do Centro. Aguardemos!
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