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Padre André Marmilicz: Um Deus Misericordioso
Foto: Divulgação

A sociedade judaica era profundamente movida por leis, de modo muito rigoroso e, por vezes, condenatório. As leis tinham proporções diferentes, de acordo com o grau de importância. Os fariseus eram cumpridores fiéis das leis e, julgavam as pessoas como boas ou más, na medido do comprimento das mesmas. A lei do sábado era e continua sendo até hoje como intocável, tanto assim que o judeu religioso não faz absolutamente nada nesse dia. No total existiam 613 leis, que dirigiam o povo e seus dirigentes religiosos. Elas eram implacáveis, e algumas delas, permitiam a condenação da pessoa, tirando a sua própria vida. Todo judeu fiel a Deus, ou que se julgava assim, conhecia todas as leis e lhes era muito fiel e, se exultava por ser assim. Facilmente julgava e condenava aqueles que não estivessem de acordo com as orientações da lei.

Entre tantas leis, se destacava aquela que condenava uma mulher que fosse pega em adultério. Se fosse pega em flagrante, era apedrejada pelos defensores implacáveis da lei, sem dó e piedade ou misericórdia. Jesus se vê diante de um caso desses, quando os que se julgavam moralmente perfeitos, estão prontos a apedrejar uma mulher pega em adultério. Quando Jesus se aproxima do grupo, o interrogam a esse respeito. Diante daquela multidão ávida por fazer a justiça contra aquela pobre mulher, o Mestre se abaixa, faz de conta que está escrevendo algo. Em seguida, levanta os olhos para os inquisidores e lhes responde: ‘se alguém não tiver pecado, atire a primeira pedra’. E, começando pelos mais velhos, todos se retiraram sem nada dizer. Ficando só com a pobre mulher, ele lhe perguntou: ‘Mulher, onde estão eles? Ninguém te condenou?’ ‘Ninguém, Senhor’. Então Jesus lhe disse: ‘Eu também não te condeno. Podes ir e, de agora em diante, não peques mais’.

A misericórdia de Jesus para com aquela mulher foi infinita e, com certeza, ela mudou de caminho, de direção. O amor que o mestre demonstrou por ela, foi transformador em sua vida. Ele entendeu a situação daquela pobre mulher e a acolheu com um olhar e palavras profundamente amorosas. O que chama atenção é que a lei só condenava a mulher e, o infrator, porque era absolvido? Isso demonstrava a cultura judaica tremendamente machista e humilhante para a mulher. Para Jesus, muito mais importante do que a lei, é a pessoa humana. Essa é uma característica maravilhosa em Jesus, revelando através do gesto acolhedor e compassivo, o imenso amor do Pai pela humanidade. Ele não quer que o ser humano se perca, mas, que se converta e viva.

Essa atitude de Jesus nos leva a refletir sobre o nosso modo de ser e de tratar aqueles que erram na comunidade. Às vezes, diante do desvio de conduta de uma pessoa que participa do nosso meio religioso, facilmente julgamos e condenamos. E, por vezes, o fazemos em nome de Deus, como se ele fosse um juiz implacável, a quem lhe apraz castigar as pessoas. Nada mais distante do jeito de ser de Jesus, daquele que veio revelar o verdadeiro rosto do Pai. O amor que Jesus manifesta por suas palavras e, principalmente, por seus gestos, revela a grande misericórdia de Deus por cada ser humano. Ele não condena, pelo contrário, ele continua amando mesmo quando a pessoa erra. Esse amor, cheio de misericórdia, cura e liberta o ser humano do pecado. O rosto de Deus, revelado por Jesus, é plenamente compassivo e misericordioso.

Edição n.º 1459.

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