A sala sensorial no ambiente escolar é uma ferramenta cada vez mais reconhecida e utilizada, especialmente para atender estudantes com deficiências, intelectual e/ou múltipla deficiência associada. Esse cantinho especial é equipado com materiais táteis, visuais e auditivos que promovem o autocontrole emocional e a concentração dos estudantes, através de experiências sensoriais enriquecedoras.

Esta realidade tem sido vivida pelo CMAEE AI Joelma do Rocio Túlio após a implantação da Sala de Acomodação Sensorial (SAS)/Artes, um projeto piloto criado no ano de 2024, que surgiu da necessidade do Centro em oferecer um suporte a mais para seus estudantes com TEA (autismo), deficiência intelectual e múltiplas deficiências, pois muitos deles apresentam alterações de comportamento.

A sala sensorial ganhou vida graças ao trabalho em conjunto de Beatriz Gavleta, formada em Artes Cênicas e Artes Plásticas, e da educadora Zilamar Adriana Pires de Souza. Elas contam que o objetivo é possibilitar às crianças/estudantes com deficiência intelectual e/a múltiplas uma aprendizagem significativa, multissensorial e artística do mundo que a cerca, com diferentes sensações, percepções e vivências, priorizando a autonomia e independência. Neste semestre elas estão trabalhando com o livro ‘O monstro das cores’, auxiliando os alunos a compreenderem seus sentimentos.

Inscrita no projeto LED (Luz na Educação) 2025, da Fundação Roberto Marinho, que reconhece e impulsiona práticas inovadoras na educação brasileira, a sala SAS-Artes contribui para que os estudantes saibam como controlar suas emoções e percebam o que lhes causa desconforto e atitudes inadequadas, aprendendo como lidar com essas situações. “Também trabalhamos com aquilo que deixa o estudante confortável e calmo, como texturas, sons, cheiros, jogos, espaços, conseguindo assim ter uma aprendizagem mais significativa no próprio CMAEE AI Joelma, nas escolas e nas famílias. O trabalho do programa SAS-Artes é realizado com muito amor, acreditando no potencial de cada estudante”, observa Beatriz.

A partir da implantação da sala sensorial, o progresso dos estudantes foi notório. As idealizadoras contam que eles melhoraram muito em relação ao comportamento e na aprendizagem, pois conseguem ter autoconhecimento, autoestima elevada e maior concentração. “A maior dificuldade é que eles não querem sair da sala, querem ficar lá por mais tempo e muitas vezes saem contrariados”, brincam.

A diretora do CMAEE AI Joelma do Rocio Túlio, Emiliane Wojcik Selenko, lembra que às vezes um simples ruído gera uma sobrecarga sensorial e resulta em desregulação emocional no estudante. Nesse contexto, a Sala de Acomodação Sensorial ou SAS como é chamada, é um ambiente planejado para ser um porto seguro, oferecendo ao estudante a oportunidade de ter o estímulo que precisa para se acalmar. Para alguns é através de uma iluminação suave, texturas específicas, pufe, ambiente sem ruído, malhas para criar um espaço de imersão e outros.

“Desde sua implementação, a sala SAS mostrou resultados muito acima de qualquer expectativa nossa, não só trouxe uma diminuição na frequência das alterações comportamentais como também melhorou a participação dos estudantes nas outras atividades. Hoje, podemos dizer seguramente que não vemos mais o CMAEE Joelma sem a Sala de Acomodação Sensorial”, admite.

Beatriz complementa que o projeto teve início no ano passado, com outra professora, e em um formato um pouco diferente, e este ano ela e Zilamar o transformaram na Sala de Acomodação Sensorial (SAS)-Artes. “Unimos as duas iniciativas e deu super certo. Conseguimos de forma leve e significativa envolver todo o CMAEE AI Joelma nesse programa. A maioria dos estudantes participa das atividades, são atendidos por horários (30 minutos), de forma individual, em duplas ou a turma toda, dependendo da necessidade. Esse programa só foi possível devido à confiança da direção (Emiliane) e da equipe pedagógica”, reconhece.

A Sala de Acomodação Sensorial é toda temática, muda constantemente conforme os conteúdos trabalhados, como as cores, releituras de obras de arte, e livros. O espaço conta com piscina de bolinhas, almofadas, balanço sensorial (malha), tecidos, caverna, cantinho da leitura, luzes, sons de pássaros e cheiros agradáveis (maçã, por exemplo) estimulando toda a parte sensorial do estudante. “Eu e a Zilamar confeccionamos todos os materiais, sempre levando em conta os mínimos detalhes. Como estamos trabalhando os sentimentos, cada semana explorando uma cor, nós também sempre vestimos roupas do monstro trabalhado, para ajudar na identificação”, ilustra.

Edição n.º 1485.