Embora seja fato que Araucária tenha várias farmácias, ainda me impressiono como sempre que vou a uma delas ainda tenho que enfrentar filas, ou para ser atendido ou para pagar a conta no caixa.
Dia desse mesmo, havia acabado de comprar um spray nasal que utilizo para controlar a rinite que “ganhei” ao escolher residir em Araucária, uma cidade muito industrializada, mas com uma qualidade do ar nem sempre digna de elogios. No entanto, não é para falar do ar que sentei aqui em frente ao meu computador nesta manhã de domingo.
Sentei aqui para relatar um diálogo que travei na fila da farmácia. Lá estava eu, tranquilo, aguardando com minha cestinha na mão, dentro meu remedinho para rinite, quando – do nada – senti uma mão em meu ombro. Virei-me e vi um velho conhecido, ainda dos tempos de ensino médio no Szymanski. Cumprimentos feitos, perguntas genéricas trocadas, ele disse que acompanhava meus textos e vídeos e, em seguida, me perguntou: “e como anda a política agora depois das eleições?”.
Antes de respondê-lo, eu olhei a fila do caixa. Faltavam cinco pessoas para chegar a minha vez. Pelos meus cálculos havia tempo para um comentário rápido sobre política municipal. Iniciei dizendo que o período pós-eleitoral é como aquele mato que está num tamanho nem tão baixo que se possa carpir e nem tão alto que se possa roçar. Ou seja, resta apenas esperar e suportar.
Digo isso porque, infelizmente, grande parte dos políticos é movida por interesses eleitorais. E eles analisam seus atos sempre sob a perspectiva da próxima eleição e tendo como parâmetro a capacidade do cidadão comum de reter memórias da eleição passada. E, como sabemos, infelizmente, o eleitor não tem lá uma memória de elefante. Logo, dificilmente o que o político fizer agora será lembrado num próximo pleito.
E, creio que, esse é o principal problema de Araucária desde o dia 2 de outubro, quando a cidade elegeu seu prefeito para a gestão 2017-2020. Quem ganhou só assumirá em janeiro e quem perdeu só deixará o poder no último dia de dezembro. Esses três meses pós-votação são bem complicados para o Município.
Obviamente, quem permanece no cargo mesmo tendo sido preterido nas urnas jamais irá admitir, mas o fato é que o sujeito já não tem mais a mesma preocupação em realizar uma administração razoável. Seus interesses passam a ser outro. O mesmo valendo para sua equipe, desde o primeiro escalão até o chão de fábrica. A grande maioria dessa turma, a meu ver, passa a pensar primeiro em si do que nos outros (e os outros aqui somos nós, cidade de Araucária). E não estou dizendo que essas pessoas passam três meses tramando sacanagens, armando bombas relógios para explodir no colo de seus sucessores e assim por diante. Estou dizendo apenas que o interesse primeiro deles é em se garantir, se preservar… em sobreviver.
Enfim, até 31 de dezembro a gestão derrotada nas urnas é um eterno velório. E, convenhamos, é impossível manter um velório por três meses sem que o pobre defunto comece a cheirar mal. E é isso o que estamos presenciando em Araucária: o corpo da gestão que ainda está aí em avançado estado de putrefação.
E, diante disso, nos restam duas torcidas: a primeira para que, contrariando a regra, nas próximas eleições, o cidadão comum não se esqueça do cheiro do corpo se decompondo na sala. E, a segunda, que os órgãos competentes – que estão sim observando o velório – exijam a exumação desse corpo muito em breve.
Foi exatamente neste momento da conversa que ouvi “próximo”. Despedi-me e fui para o caixa, onde a atendente perguntou: mais alguma coisa? Você tem Plasil aí? Essa conversa toda me deu enjoos.
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