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Conta a lenda que houve um tempo em Araucária que determinado vereador chegou a ter sessenta, setenta cargos em comissão na Prefeitura, mais algumas dezenas de estagiários, outro tanto de terceirizados, o gato ou o cachorro. Enfim, houve tempo nesta cidade que vereador era praticamente uma mini-prefeitura.

Hoje, não se sabe se ainda há este tipo de relação entre Executivo e Legislativo. Torçamos para que não. E a torcida se dá não porque as indicações feitas por este ou aquele parlamentar têm fins que não os republicanos e sim porque esta relação fere um princípio basilar do estado democrático de direito. Aquele que diz que os poderes são independentes e harmônicos entre si.

Ora, não há como o vereador, por exemplo, manter sua independência tendo cargos na Prefeitura. Da mesma forma, não há como existir harmonia entre um e outro se o prefeito recepciona indicações políticas do eleito para fiscalizá-lo. Vez ou outra, por mais probos que ambos sejam, a balança penderá perigosamente para um dos lados, pondo em risco a legitimidade dos mandatos deste ou daquele. Enfim, a regra que deve prevalecer é simples: cada poder no seu quadrado!

Em Araucária, esta história de indicação sempre foi piorada porque, ao contrário do que acontece em outros níveis da República, ela nunca se deu no âmbito dos partidos políticos. Ou seja, nunca ouvimos falar que este ou aquele prefeito se reuniu com esta ou aquela legenda partidária para formar um governo de coalização, no qual a pasta, por exemplo, do Trabalho e Emprego, caberá à gestão de determinada agremiação política cuja bandeira histórica seja atrelada a políticas públicas de fomento ao emprego e assim por diante. Sempre ouvimos falar por estas bandas em indicações pessoais e, incabíveis na administração pública, que deve prezar pela impessoalidade de seus atos.

Nossa cidade já sofreu muito por conta desta relação incestuosa entre Executivo e Legislativo. Muito político da pobre terra dos briosos Tinguis ficou rico a custa de tantas indicações e/ou outros acordos que – infelizmente – sempre ficaram nos porões da política local. A viúva, como outrora se chamou a mãe Prefeitura, já não suporta mais sustentar os luxos de uns poucos em detrimento do desenvolvimento deste Município.

Precisamos urgentemente de um Legislativo e de um Executivo focados inteiramente na construção de uma cidade diferente daquela que foi construída até aqui e para isto não podemos ficar perdendo tempo com articulações que não podem ser feitas a portas abertas e nem gritada aos quatros ventos.

Comentários são bem vindos em www.opopularpr.com.br! Até uma próxima!

 

Publicado na edição 1102 – 01/03/2018

Cada um no seu quadrado

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