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O isolamento social proporcionou à família Pedrosa Costa a oportunidade de estarem mais próximos. Foto: Marco Charneski
Às vezes, a adversidade é que o precisamos para recomeçar
O isolamento social proporcionou à família Pedrosa Costa a oportunidade de estarem mais próximos. Foto: Marco Charneski

EDIÇÃO ESPECIAL DE ANIVERSÁRIO – 131 ANOS

Claudio Pedrosa Costa, 50 anos, trabalhava desde 1996 como pedreiro numa empresa de construção civil, tinha uma rotina pesada e cansativa que começava às 5h da manhã, quando ele saia do Campina da Barra, aqui em Araucária, para ir de ônibus até Curitiba, no local onde a obra da construtora acontecia. Ele retornava às 7h da noite, passava pouco tempo com a família para no dia seguinte, começar tudo de novo, rotina essa que é comum a milhões de brasileiros.

O dia a dia da esposa Lucilene, de 40 anos, também sempre foi corrida, pois ela é educadora da rede municipal de ensino de Curitiba, mas seus horários são menos rígidos. O filho Gabriel é outro que madruga em casa, ele cursa o segundo ano do ensino médio no Colégio Estadual do Paraná, na capital. O mais novo, Rafael, de 8 anos, leva uma vida mais tranquila, está na 4ª série numa escola pertinho da sua casa. Essa família, sempre correndo e ocupada, viu seu modo de vida mudar completamente com a chegada da pandemia. Claudio perdeu o emprego, as escolas fecharam e todos foram obrigados a ficar em casa.

O casal ficou preocupado com a situação, com o marido desempregado e sem saber o quanto a pandemia iria durar. “Pouco tempo depois que eu fui demitido, um rapaz que já trabalhou comigo lá na firma disse que a procura por serviços de construção para obras ou reformas tinha aumentado bastante e que se eu quisesse podíamos ser parceiros”, conta Claudio. Segundo ele, aceitar a proposta foi a melhor decisão. Primeiro, porque precisava de trabalho e depois porque acabou ganhando qualidade de vida. Seu horário é mais flexível, geralmente almoça em casa e tem mais tempo para estar com a família e cuidar da horta que é o seu xodó.

Financeiramente também compensou, como construtor autônomo Claudio ganha mais do que quando era empregado e tem uma agenda longa de clientes à espera do seu trabalho. A construtora em que Claudio trabalhava já tentou contratar o profissional de volta, mas ele não aceitou.

Rafael foi o filho que mais curtiu os pais por perto. Com ajuda do pai ele aprendeu a andar de bicicleta sem as rodinhas e tem o pai e o irmão como companheiros de pedalada. Nos estudos Rafael se deu melhor ainda e abusou da boa vontade da mãe professora – que apesar da carga de trabalho diária com auxílio remoto aos alunos e pais da escola onde ela leciona – conseguia um tempinho para ajudá-lo nas atividades escolares. “Eu só quero voltar para a escola, porque ela é novinha, quero ver as salas, a quadra, os laboratórios, quero ver tudo”, conta o menino. Rafael é aluno da escola municipal Pedro Biscaia, cujo, antiga construção, com mais de 50 anos, foi demolida para dar lugar a um prédio amplo, moderno e bem equipado.

Gabriel é mais independente, mas foi o que mais sofreu com o afastamento imposto pelo coronavírus, sente falta do colégio e dos amigos que estudam com ele. “Quero muito voltar para o colégio, foi muito difícil me adaptar às aulas genéricas pela televisão, mas a gente tinha o apoio das aulas virtuais com nossos professores e graças a isso o ano letivo não foi perdido”, diz. Este ano de 2021 é decisivo para o estudante que, ao concluir o ensino médio pretende prestar vestibular para Psicologia. “No Estadual tem um cursinho preparatório em contra turno que vai me ajudar muito a estudar para o vestibular e com o Enem”.

Lucilene retornou para a escola na terça dia 9, assumindo uma turma de educação infantil e está preocupada com a maior exposição da família ao coronavírus. “Enquanto meus pais que têm idade avançada não forem vacinados ficarei apreensiva, por isso decidimos que as crianças continuam com as aulas remotas até que os avós tomem a segunda dose da vacina”.

Sobre as mudanças que a pandemia impôs para a família, apesar do medo da doença e da dificuldade da professora em orientar seus alunos de casa, e dos meninos com os estudo, Lucilene acredita que o ano de convivência diária os fez dar mais valor para as pequenas coisas, tentar entender mais o outro e ser pacientes. “Nós somos uma família, formamos um time e vamos sempre nos apoiar e nos proteger”.

Texto: Rosana Claudia Alberti

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