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Legítimo até é, mas...

Vivemos dias complicados. Agora mesmo temos visto moradores da região Sul da cidade insatisfeitos com o fim da linha Tupi-Pinheirinho. Insatisfação, diga-se de passagem, legítima. Do mesmo modo, outrora, vimos pessoas que residem na área rural do Município revoltados com a reestruturação que o transporte coletivo do interior sofreu. Revolta, é preciso admitir, legítima.
Na área da saúde, temos visto movimentos de usuários cabreiros com essa história de fechar a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Planalto. As pessoas que residem em seu entorno, por exemplo, não gostaram nada, nada da possibilidade. Desgosto legítimo, ressalte-se. Mesma legitimidade tem quem não quer o fechamento do Pronto Atendimento Infantil (PAI).
Ainda na área da saúde, vimos servidores da pasta nada satisfeitos com o corte da marmitex daqueles funcionários que atuam no chamado regime diferenciado. Insatisfação essa legítima, anote-se! Aposentados e pensionistas do Município também andaram protestando em frente à Prefeitura em razão do corte do abono que lhes era concedido desde a década de 1990. Uma manifestação legítima, frise-se.
Neste início de gestão de Hissam, anote-se aí, até cabos eleitorais e simpatizantes do prefeito andaram reclamando que não foram chamados por ele para compor o quadro de cargos em comissão do Município, apesar de terem se dedicado à campanha e ao projeto do PPS. Ora, é preciso reconhecer que até nessa grita há legitimidade.
E essas são apenas algumas das várias manifestações legítimas, cada um ao seu modo, claro, que vimos em Araucária neste início de novo mandato. O que, estranhamente, não vimos por aqui já faz algum tempo são atos em defesa da administração pública. Em defesa do Município de Araucária enquanto entidade que precisa ter suas contas em equilíbrio e isso é muito preocupante, pois, é preciso reconhecer, os cofres municipais já não estão aguentando mais suportar as legítimas demandas dos mais variados segmentos da sociedade araucariense.
Chegamos num ponto que, por mais legítima que a demanda seja, é preciso que ela seja olhada sob o frio olhar das finanças municipais. Sim, porque, no final das contas, é preciso grana para pagar o ônibus, para pagar a marmitex, o abono, o CC e assim por diante. E, em se tratando de administração pública, a grana vem de impostos e taxas, duas coisas que o cidadão não quer nem saber de ouvir falar. Duas formas de arrecadação legítimas, mas que quase ninguém defende.
Precisamos entender que o tempo das vacas gordas se foi e que, por mais legítima que a sua, a minha, a nossa pedida seja, nem todas poderão ser atendidas por este Município que outrora já foi muito rico, mas que hoje precisa – ao mesmo tempo – aprender e ensinar seus moradores que quem quer ter tudo acaba é não tendo nada.
Até uma próxima. Comentários são bem vindos em www.opopularpr.com.br.

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