a atenção pela produção impecável
O cenário composto por sapatos e botas em estado crítico de conservação unidos à luz baixa e muita fumaça mostravam ao público que o espetáculo “Guerra, formigas e palhaços” encerraria o projeto Palco Giratório em grande estilo no dia 23 de agosto. E foi o que aconteceu.
Nos primeiros instantes da peça, os sons de tiros e a escuridão fizeram o expectador entrar na cena de guerra e sentir, junto aos atores, o desespero de ser um dos últimos sobreviventes do batalhão. Afinal, os dois soldados, minúsculos como formigas dentro das proporções do que acontecia ao seu redor, aguardavam a salvação e chegaram a acreditar que a encontrariam na figura de um palhaço.
De acordo com Jester Furtado, diretor do Teatro da Praça, essa tragicomédia de caráter político e filosófico foi a última das oito apresentações realizadas gratuitamente em Araucária desde o dia 31 de agosto. “Elas trouxeram à cidade uma mistura de espetáculos de outras regiões do Brasil por meio de uma parceria entre o SESC e a Secretaria de Cultura do município. Então, tivemos grandes espetáculos que promoveram o intercâmbio cultural com apresentações de dança e teatro para adultos e crianças”, conta.
Além disso, em quase todas as apresentações, o público teve a oportunidade de conversar com os atores em um bate-papo especial. “Assim, a plateia podia interagir com o elenco, perguntar sobre o processo de produção e compreender melhor os signos apresentados no espetáculo. Foi uma experiência riquíssima!”, garante Jester, que encontrou vários alunos de teatro de Curitiba no evento.
Nossa opinião
O Jornal O Popular também esteve presente em alguns espetáculos e percebeu a qualidade das apresentações, pois elas seguiram o padrão de grandes peças divulgadas na capital paranaense. Inclusive, se tivessem acontecido em Curitiba fora de um projeto como o Palco Giratório, possivelmente os ingressos de cada evento custariam R$ 25,00 ou R$ 30,00 e os convites esgotariam. No entanto, aqui todas elas foram gratuitas e sempre sobraram dezenas de bancos vazios.
Araucária precisa formar um público para atividades como essas, e somente a continuidade com a promoção de novas ações voltadas para as artes cênicas farão com que esse objetivo seja alcançado.
Texto: Raquel Derevecki / FOTO: Sergio Haiduk
